Assírios: Séc. IX a VII a.C.
No século lX os assírios, comandados por Assurbanipal II, chegaram à Fenícia vindos da região do atual Iraque, e a dominaram. A dominação assíria foi dura e forte e os fenícios tentaram resistir ao preço de pesados tributos. Porém, sempre que a dominação se tornava tirânica demais, rebelavam-se. A primeira cidade a se rebelar foi Tiro, com a ajuda dos egípcios, mas os assírios derrotaram os egípcios e o monarca de Tiro teve que se refugiar em Chipre. Sidon foi outra cidade que se rebelou. Mas, no ano de 675 a.C. foi derrotada e destruída.
Babilônios: Séc. VII a VI a.C.
As cidades de Tiro, Sidon, Edon e Moab, Amon e Judá se uniram para combater os babilônios. Os longos anos de dominação babilônia fizeram com que os fenícios perdessem sua supremacia comercial, sendo substituídos no mar pelos gregos e cartagineses (de Cartago, antiga colônia fenícia) e, em terra, pelos comerciantes arameus.
Persas: Séc. VI a.C. a IV a.C.
Ciro, fundador do Império Persa, conquistou a Babilônia. Por conseguinte, a Fenícia passou para o domínio persa.
Dario I dividiu seu império em satrapias, sendo que a quinta abrangia a Fenícia, a Síria, a Palestina e Chipre; Sidon foi escolhida para ser a capital.
As cidades-estado continuaram com sua autonomia, conservaram seus reis e suas moedas. Por possuirem excelente frota naval, os fenícios colaboraram com os persas em seus empreendimentos militares. Participaram da guerra contra os gregos, em 480 a.C. Em 360 a.C. a cidade de Sidon se revoltou contra o domínio persa e a rebelião fez com que a cidade fosse dizimada.
Gregos: Séc. IV a.C. a I d.C.
Dario lll foi derrotado por Alexandre da Macedônia em Isso, ao norte da Síria.
Após invadir Damasco, Alexandre seguiu pelo litoral, e as cidades fenícias foram-lhe abrindo as portas. Somente a cidade de Tiro recusou-se a ser subjugada. Alexandre, decidido a conquistar Tiro de qualquer maneira, cooptou Sidon, Biblos e Arado para auxiliá-lo. Após resistir heroicamente por sete meses, Tiro foi invadida e seus habitantes mortos.
O período de dominação grega terminou com a morte de Alexandre. Seu império foi dividido entre seus capitães Ptolomeu e Seleuco. Seleuco dominou a região da Fenícia e formou o reino dos selêucidas.Durante este período de dominação, os fenícios colaboraram com os gregos/selêucidas a ponto do grego se tornar uma segunda língua e de vários comerciantes se transferirem para a região da Ática.
Quando o poder dos selêucidas entrou em declínio, as cidades de Arado, Tiro, Sidon, Biblos, Berito e Trípoli readquiriram sua independência e voltaram a cunhar suas moedas, tendo inclusive, inscrições bilíngues e a efígie dos selêucidas.
Romanos: I a.C. a IV d.C.
Pompeu conquistou o Oriente Médio em 63 a.C., incorporou a Síria, a Antioquia, a Palestina e a Fenícia (embora as principais cidades fenícias mantivessem seus governos e territórios). As montanhas, até então inabitadas, começaram a ter vilas e templos romanos.
Com Teodósio II (401-405) foi proclamada a Phoenicia Libanesia (Líbano), tendo como capital Emessa. Abrangia Heliópolis (Baalbek), Damasco e Palmira e a Phoenicia Prima (ou Marítima), cuja capital era Tiro e abrangia Sidon, Berito, Biblos, Trípoli, Acra e Arado.
A língua fenícia desapareceu, dando lugar ao aramaico (a língua do povo), ao grego (língua da cultura e do comércio) e ao latim (falado pelos soldados e funcionários públicos).
O Cristianismo, que nascera na Palestina, rapidamente se espalhou para a Fenícia. Cristo visitou Tiro e Sidon. Em Caná da Galiléia, Cristo fez seu milagre de transformar água em vinho.
Bizantinos: IV a VII d.C.
Constantino (306-337) transferiu a sede do Império Romano para Bizâncio e rebatizou-a de Constantinopla.
O Cristianismo intensificou sua penetração na Fenícia. No séc. IV, Berito já era considerada católica. Os deuses fenícios (Melkart, Hadad, Ashtart e Afqah) foram abandonados. Entre 551 e 555 uma sucessão de terremotos abalou a costa fenícia, inclusive Berito e Baalbek.
Omíadas e Abássidas: VII- XI d.C.
Dois anos após a morte de Maomé, seus exércitos deram início à expansão muçulmana. Comandados por Yazid Ibn Sufian e por Omar Ibn Al-Ass, contavam com um exército de 23.000 combatentes. Rapidamente dominaram Damasco (635), Hama, Beirute, Sidon, Tiro, Jerusalém (636), Alepo, Homs, Baalbek (637), Antioquia (638). Os persas e bizantinos, que dominavam a região, foram facilmente dominados pelos muçulmanos.
Em 661, a dinastia dos califas omíadas tomou o poder e instalou-se em Damasco, proclamando-a capital do novo império.
Na segunda metade do século Vll os maronitas, vindos de Alepo, na Síria, se estabeleceram na região da Montanha, no Líbano, que permaneceu fora do alcance dos conquistadores. Este fato fez com que a Montanha se tornasse refúgio para os povos perseguidos e oprimidos de outras regiões, independentemente de suas religiões, raças ou ideologias, características que nunca mais a abandonaria.
Em 750 a dinastia abássida tomou o poder e transferiu a capital de Damasco para Bagdá. Devido à intolerância política e aos altos tributos cobrados por essa dinastia, cresceu a emigração, para o Líbano, de cristãos, muçulmanos dissidentes (xiitas, ismaelitas, drusos) e dos grupos étnicos de persas e árabes que se estabeleceram no sul, assim como os maronitas haviam se estabelecidos no norte.
Desde essa época, o Líbano tem sido um mosaico de comunidades étnicas e religiosas diferentes. No século lX a dinastia abássida começou a perder sua autoridade dando lugar a dinastias locais.
Cruzados: Séc. Xl a Xlll
No século Xl o Estado e a sociedade islâmicos demonstravam sinais de fraqueza interna: o império estava dividido em soberanias regionais autônomas e entrava em colapso sua estrutura política e administrativa, construída por Bizâncio e pelo Irã sassânida. Na religião, grandes segmentos da população seguiam seitas heréticas.
Durante o século Xl e princípios do Xll, a fraqueza do império ficou demonstrada com uma série de ataques inimigos vindos de todos os lados. Na Europa, os cristãos avançaram na Sicília e Espanha, arrancando territórios das mãos muçulmanas, em uma onda de reconquista cristã que culminou com a chegada dos cruzados no Oriente Próximo. Foi nesse período de fraqueza e desunião do mundo muçulmano que, em 1096, os cruzados chegaram ao Levante. Tinham como bandeira a “guerra santa”, isto é, libertar os Lugares Santos da Palestina, dominada pelos turcos, das mãos dos infiéis muçulmanos, e como motivo, os maus tratos aí recebidos pelos peregrinos cristãos, já que nesta época eram frequentes as peregrinações à Terra Santa, realizadas em grupos ou individualmente por pessoas de todas as classes sociais. Esses peregrinos formavam um elo constante entre Ocidente e Oriente.
Os cruzados, auxiliados pelos cristãos maronitas, que haviam se estabelecido em território libanês desde o século Vll, dominaram e ocuparam a costa mediterrânea desde Antioquia até Jerusalém, passando por Trípoli, Batron, Beirute, Sidon e Tiro. Os Cruzados estabeleceram o Distrito de Trípoli e os feudos de Gibelet (atual Djebeil) e Batron que recebiam apoio da população cristã no norte do Líbano e eram protegidos por uma rede de fortalezas, sendo que a mais famosa é a ‘Hish al-Akrad’ (Crac des Chevaliers). No interior, os cruzados não tiveram a mesma sorte. Não conseguiram conquistar Alepo, Hamas, Baalbek e Damasco.
Após a derrota dos cruzados, os libaneses, cristãos em sua maioria, que os haviam ajudado, sofreram as consequências. Tiro, protegida por muralhas não pode ser tomada. Por sua vez, Sidon rendeu-se e foi destruída. Beirute também se rendeu. Os cruzados, além de não conseguirem seus objetivos, deixaram um legado de ódio entre muçulmanos e cristãos.
As guerras que se seguiram trouxeram ruínas e destruição. Philip Hitti em seu livro ‘Lebanon in History’, dá-nos a seguinte visão de Sidon. “Em 1107, a cidade comprou sua imunidade dos Cruzados que a cercavam. Tomada por Balduíno l em 1111, desmantelada por Saladino em 1187, reconquistada pelos Cruzados em 1197, recapturada e destruída pelos muçulmanos no mesmo ano, reconstruída pelos francos em 1228, devastada de novo em 1249, tomada e restaurada mais uma vez por Luís lX em 1253, assolada pelos mongóis em 1260, passou definitivamente às mãos dos muçulmanos em 1291 sob Al-ashraf, que a arrasou.”
Em 1291, após muita luta, os cruzados foram definitivamente derrotados e expulsos pelo sultão mameluco Qalaum. |