Panorama da Imigração Árabe

Emigração    |    Panorama da Imigração Árabe    |     O Papel dos Imigrantes Árabes na América Latina

Migração
Panorama da Imigração Árabe

Para o estudo da imigração árabe, deve-se considerar duas regiões principais: a Amazônia com Belém, São Luiz, Manaus, e o sul com Rio de Janeiro e São Paulo como centros principais. Em cada uma destas regiões, a fixação e a assimilação seguiu um rumo diferente. O mascateamento era a base da atividade do imigrante e o ponto de partida para a dispersão em todos os recantos do país.

A atualidade mudou o aspecto de sua fixação. São Paulo e Guanabara (Atual Rio de Janeiro) são os núcleos mais importantes. A maioria das capitais constitue lugar de preferência e de concentração dos árabes, onde há bom comércio e indústria desenvolvida.

1 – A grande maioria dos imigrantes sírios e libaneses no Brasil tem origem na pequena minoria cristã do Oriente Médio.

2 – A maioria emigrou por motivos econômicos , apesar de muitos terem vindo para fugir de uma situação de perseguição religiosa numa sociedade predominantemente islâmica.

3 – Deixaram a Síria e o Líbano para escapar da pobreza e acumular dinheiro para um dia retornar.

4 – 1871 é a data de entrada dos primeiros imigrantes. A onda migratória cresceu no princípio do século XX. Muitos vieram para o Brasil porque não conseguiram entrar nos Estados Unidos.

5 – Poucos anos após o desembarque (1871) os sírios e libaneses penetraram no interior do Brasil como mascates e depois se estabeleceram em pequenas cidades, com suas lojas.

6 – Houve três centros de atração:
a) Amazônia no período aúreo da borracha – mais ou menos 1900.
b) a cidade de São Paulo, em região perto do centro comercial onde os aluguéis eram mais baixos. Depois da 1ª Guerra procuram outros bairros como o Ipiranga e a região da av. Paulista.
c) zona agrícola do sul de Minas Gerais.

7 – A mascateagem foi o meio usado pelo imigrante para juntar capital.

8 – Após a 2ª Guerra Mundial operou-se um movimento regular do capital sírio e libanês para a indústria pesada, mineração, construção civil e bancos.

9 – Em pouco mais de meio século os sírios e libaneses passaram de sua primitiva posição de grupo pobre de imigrantes para um dos mais importantes grupos do comércio, indústria, política e economia da cidade de São Paulo.

Quatro Fases da Imigração Árabe
A imigração árabe para o Brasil pode ser dividida em quatro fases distintas.

1ª Fase – 1850 a 1900
A integração do elemento árabe no Brasil processou-se de maneiras diferentes nas diversas regiões do país. Isto se deu em funções do meio social, das ocupações dos imigrantes e de seu número.

A origem do imigrante árabe no Brasil varia em função da época e da sua localização geográfica. A fixação em diferentes regiões compreende fatores locais e externos, psicológicos e práticos.

As primeiras datas da vinda dos libaneses podem ser fixadas antes de 1885. O período imigratório árabe no Brasil até fins de 1900 é considerado a primeira fase. É o período de aventuras onde a América era tema lendário para os povos arábes, sem autonomia própria e dependentes do Império Otomano. A obtenção de riqueza fácil foi a causa principal das primeiras experiências. A América desempenhou para os árabes o papel que a Ásia desempenhou para os europeus na Idade Média.

Existiam dois centros principais de convergência dos árabes – o da borracha e o do café. Os mascates agiram alargando fronteiras.

A borracha, o café e as riquezas minerais indiretamente determinaram a dispersão dos primeiros árabes aqui chegados. Fixaram-se em núcleos isolados de norte a sul, aí incluindo o planalto central. O sucesso econômico obtido pelos primeiros árabes foi responsável pela vinda de outros. Os lucros rápidos e fáceis da Amazônia criaram lendas e incentivaram a imigração. Formaram-se agrupamentos de parentes , amigos ou conterrâneos onde os mais velhos cuidavam e se responsabilizavam pelos mais novos.

Não raro, os imigrantes adotavam novos nomes em função de sua atividade no Brasil. Isto está relacionado com a dificuldade de pronúncia de letras guturais e aspiradas. Há nomes adotados por analogia ou por tradução que eles mesmos criaram.

Foram os pequenos imigrantes que se ambientaram rapidamente e fixaram residência no país.

Não havia sociedade comercial entre eles, a não ser entre pais e filhos e às vezes primos. A falta de sociedade econômica entre libaneses e sírios está no fato de que todos pensavam em regressar ao seu país para aí executar melhoramentos. Exemplo: a av. Brasil, na cidade de Zahlé foi assim chamada por ter quase todas as suas antigas construções feitas por antigos imigrantes que estiveram no Brasil.

A fixação do imigrante-comerciante num cruzamento de estrada, numa clareira ou próximo a uma fazenda, trazia prosperidade à região e não raro transformava, mais tarde , este local em um centro urbano de importância econômica e social, tais como os núcleos urbanos da Alta Paulista e Estrada de Ferro Goiás.

Ao terminar esta primeira fase da imigração o árabe já havia fundado suas sociedades beneficientes para auxiliar os mais necessitados.

Esta primeira fase imigratória, caracterizada pelo espírito de aventura e improviso serviu como base para as outras fases do século XX quando os aspectos desta imigração sofrerão mudanças culminando com a integração dos filhos dos primeiros imigrantes na vida nacional.

2ª Fase – 1900 a 1918
Com a aceleração da imigração neste período, já se podia falar na formação de “colônias árabes”. O ciclo da borracha, na Amazônia, acelerou a imigração para esta parte do Brasil, assim como o ciclo do café trouxe imigrantes para o sul. Estes eram, na época, os dois pólos econômicos do país.

Os imigrantes que iam para o norte aportavam em São Luís e em Belém e destes dois portos dispersavam-se pela Amazônia . Verificava-se também um movimento de migração do sul para o norte do Brasil em função das condições econômicas advindas do ciclo da borracha.

Os comerciantes, para evitar a disputa entre os novos patrícios, estabeleciam, de antemão, as regiões do Brasil, que cabiam a cada um.

Desse modo o imigrante recém chegado já estava com seu emprego garantido. As casas comerciais de libaneses já estabelecidos no Brasil, agenciavam os mascates e lhes forneciam as mercadorias.

Estabelecidos, num primeiro momento, na faixa litorânea brasileira, os libaneses sentindo a concorrência dos mascates italianos e portugueses, se dirigem para o interior do país e, seguindo as rotas de povoamento dos caminhos e vias fluviais vencem esta concorrência. Obtendo lucros, os libaneses mandam expressivas somas em dinheiro para seu país de origem contribuindo assim para a intensificaçao do movimento imigratório.

Este movimento vai se intensificar por volta de 1908 quando reformas políticas decorrentes da revolução constitucional no Império Otomano, obrigam os jovens a servirem o exército otomano . Muitos desses jovens desertam e vêm para a América. Mais instruídos e com um pequeno capital estes novos imigrantes tendem a abandonar a vida de mascate e a se estabelecerem comercialmente nas pequenas cidades do interior. Apesar das disputas no campo econômico alguns deles vencem e prosperam.

Neste período a imigração passa a ser feita por iniciativa própria. Em consequência deste fato, as conquistas eram puramente pessoais, tendo em vista as dificuldades de ambientação devido às diferenças culturais e de costumes o que tornava ainda mais difícil o seu estabelecimento em um país estranho.

3ª e 4ª Fases – 1918 a 1950
Finda a primeira guerra mundial, inicia-se a terceira onda de imigrantes árabes para o Brasil. Dos primeiros imigrantes libaneses e sírios aqui radicados, alguns já haviam falecido, porém, deixaram inúmeros descendentes com famílias constituídas.

Neste período a imigração se volta mais para o sul devido ao maior desenvolvimento da economia.

Em 1914 já era considerável o número de fábricas pilotadas por sírios e libaneses. Só em São Paulo o número delas chegava a 47 onde se fabricavam os mais diversos produtos.

Muitos deles aproveitando o grande surto industrial e comercial do momento, se ligam às fazendas de café e à sua exportação.

A crise de 1929 e o contínuo progresso da indústria nacional leva os ricos libaneses e sírios para a criação de novas indústrias e à abertura de novos estabelecimentos comerciais.

Começam, também, a adquirir propriedades ao invés de mandar toda a soma de dinheiro adquirida para seu país de origem. Estabelecem-se em determinadas zonas da cidade e passam a dominar o comércio. Exemplo: rua 25 de Março, Florêncio de Abreu e adjacências em São Paulo. Suas residências vão se localizando em bairros mais afastados como Liberdade e Vila Mariana. Entre 1940 e1950 São Paulo já conta com 70 mil sírios e libaneses.

Este fato também se registra em cada aldeia e cada cidade. Sentindo que sua fixação no Brasil não é mais provisória, os árabes assumem novas posturas econômicas e sociais.

É um novo ciclo econômico que se inaugura. Nesta fase, famílias inteiras chegam ao Brasil, porém, continuam sem a proteção das leis de imigração do governo brasileiro. Sua descendência já se faz sentir nas escolas e a partir de 1932, especialmente no movimento constitucionalista em São Paulo, seus descendentes começam a se destacar em cargos políticos e administrativos.

No plano social também já se sente uma mudança no comportamento das famílias árabes-brasileiras: diminue o número de jovens que voltam para a terra natal para se casarem com parentes ou conhecidos, pois que agora a família vem inteira.

O terceiro período termina com a segunda guerra mundial.

Depois de 1945 os árabes-brasileiros consolidam sua posição de comerciantes e industriais. Abrem-se, em decorrência, novas relações diplomáticas com o Brasil o que dá novo alento à imigração e à economia, principalmente com as mudanças introduzidas nas leis imigratórias.

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